Enquanto entornava a lata suada e a cerveja estupidamente gelada descia pela garganta seca, pensava que alguns amores eram como aquela bebida. Um rompante, um momento. Algo que se bebe rápido e em um só gole. Dois ou três talvez. Mais do que isso é tempo suficiente pra cerveja esquentar. E cerveja choca ninguém bebe. Amor choco ninguém quer.
As grandes paixões são bebidas assim, num só gole. Esvazia-se a lata de uma vez, porque se esquenta, ninguém bebe o resto. Fica ali, aquele fundo de lata que nem é mais tão atraente.
Mas há um outro tipo de amor. Aquele que ele não se permite beber com medo da dor de cabeça no dia seguinte. O amor que é como vinho. Envelhecido em barril de carvalho.
Aquele que fica na estante, numa linda e impecável garrafa que nunca é aberta.
Não falta a ânsia de abri-lo e bebê-lo todo de uma vez, mas a coragem. Uma vez arrancada a rolha, a bebida pode azedar. E ao tirar aquela relíquia da prateleira, corre-se o risco de perder o encanto da sala inteira.
Enquanto ele vira a lata de cerveja barata na sala com os amigos, olha pesaroso para o vinho na estante. Mas é menos trágico perder o fundinho de dezenas de latas a deixar que aquele precioso vinho azede.
Todos os dias, bebem-se muitos amores corriqueiros, com medo de se entorpecer do mais profundo de todos os sentimentos.
sábado, 24 de janeiro de 2009
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3 comentários:
Sem sacanagem. Adorei as analogias! E você prefere um bom vinho ou uma caixa de cerveja? Um amor longo ou 12 amores intensos e rápidos?
Que bom que gostou! Gostei do seu também...apareça sempre lá que ficarei feliz....=-D
Beijos!
depois de muita cerveja choca é que se aprende a gostar de vinho.
gostei!
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