Site Meter Projeto Modes - Encheu? Joga Fora!: maio 2008

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Estava à toa na vida e o telefone tocou...


- Alô! Eu gostaria de falar com a Maria.
- Aqui não tem ninguém com esse nome. Quem fala?!

- Aqui é o Julinho, Julinho de Adelaide.
- Julinho?! Oooooi, quanto tempo, querido! Lembra de mim? Yolanda!

- Desculpe, deve ter havido um engano.

- Ah, não! Vai dizer que você não lembra das nossas travessuras das noites eternas?!

- Olha, a senhora deve estar me confundindo.
- Bandido! Até meu pai você desafiou! “Você não gosta de mim, mas sua filha gosta”, lembra?

- Eu não sei mais o que dizer.
- Eu te perdôo por fazer essas perguntas que em vidas que andam juntas ninguém faz. Afinal, o meu amor tem um jeito manso que é só seu.

- Eu realmente peço desculpas pelo engano.
- Então é isso? Nunca mais romance, nunca mais cinema, nunca mais drink no dancing?

- Não, senhora. Eu peço desculpas pela ligação.
- Eu sei, agora serei uma louca a perguntar “o que é que a vida vai fazer de mim”. Você me fez promessas.

- Senhora, isso é apenas um mal entendido.
- Não pode ser. Você disse que faria bonito, que faria careta e trapaça, que faria cartaz. E eu tinha, cá pra mim, que agora, enfim, eu vivia, sim o grande amor! MENTIRA!

- Eu preciso desligar.
- Tudo bem. Mas você ainda vai me seguir aonde quer que eu vá, você vai me servir, você vai se curvar!

- Tomara que a senhora melhore.
- Não! Dá tua mão, olha pra mim! Não faz assim, não vai lá, não!

TU TU TU TU TU TU...

- Pois é. Fica o dito e redito por não dito.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ah,se não houvesse o despertar pela manhã...

Surgiu num sonho, num outubro qualquer. Se gostavam. E ainda que essa coisa toda de gostar fosse complicada demais para compreender e explicar, como todo mundo tenta fazer, naquele momento tudo acontecia dentro de um sonho. Por isso era simples. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo. Dormiam juntos no sonho, porque era bom para um e para outro estarem assim, naquele espaço paralelo. Não via nada de fora, nem ninguém. Deitada nua no ombro dele, também nu. Não havia fatos ou fardos. Dormiam juntos, apenas. Isso era limpo e nítido no sonho que ela teve àquela noite.

Recostada confortavelmente no ombro dele, ela via seu rosto muito próximo. Esse era o sonho, nada mais. E isso, no dia seguinte saberia, era o único fato do sonho inteiro: via o rosto dele muito próximo. Se Fechasse os olhos — mas não os fecharia, pois já estava dormindo — guardaria nas pálpebras cerradas todos os traços dele. Aquelas crateras miúdas com negros fios de barba despontando duros de dentro delas, a boca levemente molhada, que deixaria escapar duas ou três frases do Noel Rosa. De olhos abertos, apesar de fechados, já que isso era um sonho, ela reparava nos dentes brancos, impecáveis. Tão simples, tão claros. E de uma forma estranha, aquele momento, seria para sempre.

Talvez ele tivesse passado um dos braços em torno da cintura dela, quem sabe ela houvesse deitado uma das mãos sobre o ombro dele, erguendo os dedos até que tocassem no lóbulo de sua orelha. E enquanto dormia, tudo era só e apenas isso: dormiam juntos no centro da noite, no meio do sonho, num outro espaço.

Foi quando, irritada, esfregou os olhos compulsivamente e pensou se ele teria mesmo passado um dos braços por sua cintura, e se esse braço teria pêlos densos, mas macios de tocar, se a mão dele realmente fechara-se exata, solidária e carinhosa naquele ponto secreto onde, constrangida, ela admitia ter mesmo algumas gordurinhas.

Pensava se havia relaxado a mão nos pêlos do peito dele, esticando dois, três dedos até tocar aquele ponto exato entre a nuca e o pescoço. Conseguiu lembrar também da outra mão, não aquela pousada no peito dele, mas esta outra que descia à toa pelos pêlos, enroscando-se até a cintura chegando numa certa barriga perdoável. A mão que penetrava o umbigo com a ponta da unha vermelha, aquele homem que não era sequer perfeito e por isso mesmo belo. E esse fato era para sempre, mesmo sendo fugaz.

Fechava os olhos, para tentar abri-los novamente no sonho, procurava novos detalhes, lembrou-se dos pés encaixados perfeitamente, do suspiro longo e doce, daquele rosto que ao dormir, não fosse pela barba, teria um aspecto quase infantil.

Sem artifícios, acordaram vazias na manhã seguinte: Ela e a Manhã.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Comunicação Social



Acordar sem ter dormido
Ressaca dentro bebedeira
E a dança que rasteja os pés.

Rindo.


Cabeça pulsa,
Corpo pulsa,
E coração.


De frente ao som ritmado
Coro ensaiado.
Passista, bateria,
Torcida e fila.


- Cabe tudo numa coisa só?
- Chama o seu Juca.


É por isso que eu sigo avante.



quarta-feira, 21 de maio de 2008

Por dentro.




Comunicadoras que somos,

estaremos offline durante o feriado.

A Equipe Projeto Modes agradece todas as visitas,


e deixa claro
QUE A LOUCURA VAI ROLAR SOLTA.

terça-feira, 20 de maio de 2008

A Rosana

Do tipo que grita, do tipo que chama.
Essa é Rosana.
Um pé na realeza, dois braços na lama.
Misteriosa Rosana.
Às vezes tímida, tantas outras, tirana.
Vadia Rosana
Caía das nuvens, direto na lona.
Inquieta Rosana.
Gosta da rua, adora uma cana.
Translocada Rosana.
Do tipo que bate, do tipo que apanha.
Deliciosa Rosana.
Escutou a profecia, de uma velha cigana.
Esotérica Rosana
Aquela velha história da mulher que se engana.
Inocente Rosana.
Procura nas ruas, o homem que ama,
Sugestionável Rosana.
Encontra um rapaz, boa pinta e bacana.
Palpitante Rosana.
Se aproxima do alvo, suas mãos de porcelana.
Vivida Rosana.
Alisou os cabelos, soltou um sorriso sacana.
Sensualissíma Rosana.
Apertou-o nos braços quanto atingiu o nirvana.
Libertina Rosana.
Acordou meio tarde, sozinha na cama.
Abandonada Rosana.
Chorou feito louca, fez de tudo um drama.
Escandalosa Rosana.
Voltou à vidente, com sua raiva insana.
Impulsiva Rosana.
Agüentou mais um tempo na novela mexicana.
Esperançosa Rosana.
E como tudo deu errado, voltou a vida mundana.
Devassa Rosana.
Desistiu do amor, focou-se na grana.
Interesseira Rosana.
Voltaria a ser puta, ministraria a velha fama.
Mulher da vida Rosana.
Mas conheceu Bidu, mãe de santo baiana.
Insistente Rosana.
O mesmo erro, a mesma trama.
A sua sina é ser sozinha, Rosana.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

NASCER

Nasce um filho e junto nasce uma mãe;
Nasce uma amizade e junto nasce a confiança;
Nasce um amor e junto nasce o prazer;
Nasce o frio e junto nasce o abraço quente;
Nasce o som e junto nasce a vontade de dançar;
Nasce o poder e junto nasce a discriminação;
Nasce a notícia e junto nasce a curiosidade;
Tudo é conseqüência.
Tudo nasce sem eu perceber.
Sempre distante do que acontece. Longe do que meus olhos querem ver.
Assim vivo no mundo pequeno (do meu tamanho), onde nasci e morrerei sem saber exato o que é viver.




O que ele diria...


- “Como as pedras imóveis na praia eu fico ao teu lado, sem saber que os amores que a vida me trouxe e eu não pude viver..”
- Pô, Raul, que deprê..
- Todo mundo precisa disso, bicho.
- Disso o que?
- De uma fossa. E de um porre também.
- Prefiro o porre.
- Mulheres são fracas.
- São realistas. É que esse papo de metamorfose ambulante... isso não existe não.
- Não mesmo. É uma bela ilusão ser ambulante.
- Eu não quero isso não.
- Eu até quero. Mas antes, peça a conta. Aliás, tá afim de conhecer meu amigo Nestor?
- O de agronomia?
- Há problemas?
- Não. Só acho que ele não "contribui para o meu belo quadro social".
- Você vai gostar. O cara é anos 60 puro.
- Aprendeu a me convencer, hein.
- Eu sou astrólogo e você precisa acreditar em mim.


E é assim que o cabeludo segura a mão daquela de marrom-opaco,
Sentam-se à mesa de madeira
Um agrônomo não entende os leads;
Os comunicadores só freqüentam o interior por puro lazer.
Mundos tão distantes. Ali, dividindo a mesma cadeira.
O mesmo prazer.
Uma música recém-criada no violão.
Enrolam, falam, acham graça.
Das conversas que costuram a madrugada.


- Eaí, como foi ontem?
- Essencial.
- Imaginei. Hoje vi você surgir ao meu lado no caderno do colega Nestor.


A história por trás de “Tu és o MMDC da minha vida”
Participação de:
* Ouro de Tolo
* Al Capone
* Metamorfose Ambulante

terça-feira, 13 de maio de 2008

Busca.


O silêncio de uma noite gelada e musical, é o teu,
aquele que balança a positividade que a música proporciona
e transforma minha esperança por tempos melhores,
em dias que não posso mais esperar por você.

A quantidade de expectativas,
caminhos tortuosos de uma menina-mulher que o amor espera,
mulher tão vivida em certas coisas, tão entendedora de si mesma,
menina tão insegura, cheia de planos e sonhos.

Eu que acredito, que o amor só dá rasteira,
que engana, que machuca
Sei que ele surpreende.


Eu que busco um encontro com uma nova aventura,
em um novo mundo de sentimentos novos
com prazer, sorrisos, beijos intermináveis,
formigamentos e dores ansiosas na barriga.

Agora me sinto forte para encontrar.
Tento expulsar a frustração do meu corpo,
enquanto ela se esforça para permanecer
numa luta sem fim.

Só espero que eu não abra a porta da minha sala
e te encontre com um sorriso convidativo,
esse que não me pertence mais.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Se ele se chamasse Isabella...

Foi durante a tarde de uma quarta-feira fria, parado diante do computador, que Diógenes, um cidadão comum, com hábitos comuns, começou a questionar a ordem e a posição em que as coisas acontecem.

Vira durante a noite o Willian Bonner falar por minutos seguidos, que para ele pareciam horas, sobre o caso da menina Isabella, que o pai teria jogado do sexto andar do prédio em que mora.

Ao saber do fato, Diógenes fez uma expressão de espanto, mas ficou apenas um pouco surpreso com a forma como a criança morreu. Não era problema dele. Afinal, não tinha filhos e residia em um sobrado. Nada tinha a ver com Isabella.

No entanto, até dormir, não parou de pensar na situação em que o pai da garota se encontrava. Lembrou, então, de que apesar de morar em uma casa térrea, trabalhava no 13º andar de um edifício na Avenida Paulista.

O rapaz decidiu não censurar e muito menos condenar a atitude do pai da garota.

"Diógenes, onde está o relatório que eu pedi?" - pergundou Ubaldo, seu chefe, rasgando seu raciocínio.

"Estará pronto em um minuto" - respondeu o reles empregado.

Diógenes olhou pacientemente seu chefe sair resmungando da sala em direção ao seu computador, onde, provavelmente, havia um jogo do UOL aberto enquanto Diógenes trabalhava. Terminou o relatório, imprimiu três cópias e colocou-os onde a educação mandava.

Hora de ir para casa.

A noite correu tranquila.

No dia seguinte, as 9h30 da manhã, um homem se estatelou na calçada da Avenida Paulista. Era o chefe da microempresa que funciona no 13º andar.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Naquele instante.

Ele pede que ela escolha a música.
De propósito.
Ela escolha feliz, aquela linda.
Ele puxa e dançam.
E giram.
Ela gosta do toque da mão dele no quadril,
do ar quente do hálito nos seus ouvidos.
A música toca, a letra é forte, envolvente.
Ela tenta prestar atenção nos detalhes.
A cabeça está a mil.
O beijo acontece e tudo gira mais,
talvez por culpa dos muitos copos de cerveja.
Um bom momento, boa madrugada.

O tempo jogou fora.
O tempo afastou as trocas de idéias,
a vontade de encontrar, a vontade de olhar.
O tempo apagou os detalhes da lembrança.

Mas a música ainda existe.
Aquela que quando toca faz a madrugada voltar.
Faz ela sentir a mão dele no quadril
e o ar quente do hálito nos seus ouvidos,
como se fosse naquele instante.

O tempo está despejando aqui.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Relíquias


Do relicário guardado a mais de sete chaves, retiro o rancor amassado feito bolinha e grampeio com aquele recorte de saudade.
Coloco ao lado.

Um dia na praia ali embaixo, dobrado em quatro partes, uma andança de madrugada em forma de origami, conversas no envelope de cartão, jogos universitários dentro do bilhete.
Carro, bebidas, árvores.

Alguns têm clips, lembretes. Outros amarelam mais que as fotos.
Tudo ali, junto-misturado. Um dia por cima do outro, se apertando com os sentimentos picotados de hoje. Feito tirinhas.

Um punhado de dias de papel, momentos na mais simples dobradura.
É assim meu relicário.
Guardo tudo lá de novo. Bem no fundo do armário.
Porque tudo tem que ficar trancado - sou a única que sei.

Para sempre que durar esse meu frustrado sorriso papel-pardo.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Domingo de Lágrimas.

E de repente, o tudo virou nada e o nada virou tudo, o verso ficou mudo e a vida sem graça. E ela, sempre tão certa de si, perdeu o rumo, as palavras e pose de durona. Chorou que nem criança no colo do amigo, viu os amores do passado se esvaírem. Era de novo a frustração. Mais um amor que não deu certo, mais uma decepção para a sua coleção. Do amor, que era novo, e que agora também ficava para trás, só sobraram lembranças de momentos que ela quer esquecer, não porque quer, mas porque precisa. Nas últimas semanas escutou de amigos que estava mudada. Para pior?

O mundo rosa onde ela vivia está perdendo as cores. O corretivo já não esconde as olheiras de noites mal dormidas e de domingos de lágrimas. Ela desceu do salto e tirou a máscara. Mas isso, ele não pode ver, não pode saber. Ela não vai deixar. Seu maior medo é que a sua fraqueza esteja escancarada pra ele, pra todos.

E da distância desde a última conversa, a conclusão é uma só. Ela não pode olhar nos olhos dele. Tudo isso é tão sufocante. “Ela era de leão e ele tinha dezesseis”. Inconcebível. Ela não quer vê-lo. De todo o sentimento agora há um misto de arrependimentos e uma metralhadora cheia de mágoas. E uma certeza. A de que ele nunca foi tudo o que ela via nele. Ele já virou a página. E ela ainda lembra das juras que um dia fez deitada no seu peito, que talvez agora embalem o sono de uma outra, que jamais merecerá mais que um cinema com seu melhor namorado.

E tudo parece querer derrubá-la. Vinte minutos de balada e a música tocou, numa versão nova. Uma que ela ainda não tinha escutado. A da saudade. Ela engoliu o choro. Ela está descartando-o do seu folhetim. Ela chegou no seu limite.

domingo, 4 de maio de 2008

Floreia, Floriana!

Floriana aprendeu cedo que para ser aceita entre os amiguinhos da escola precisava de três coisas: cabelos lisos, uma bolsa da moda e muita arrogância.

Floriana passava as manhãs tentando alisar os cabelos cacheados, as tardes tentando aprender a ser arrogante, como queriam que ela fosse, e as noites dizendo aos seus pais que aos 7 anos de idade, precisava de uma bolsa da moda.

Floriana não tinha quem trocasse papéis de carta com ela. E ninguém queria brincar de adoleta.

Floriana ganhou a bolsa da moda, mas ainda não tinha os cabelos lisos, nem a arrogância necessária para se integrar.

Floriana quis uma chapinha. E teve. De tanto vê-la chorar, sua mãe a presenteou com uma máquina de alisar.

Floriana tinha agora os cabelos lisos e a bolsa da moda. Só não conseguira ainda ser arrogante.

Floriana queria andar com Jacinta e Lindonéia. Todos admiravam Jacinta e Lindonéia. Elas eram arrogantes, tinham os cabelos lisos e bolsa da moda.

Floriana, um dia, saiu daquela escola. Deixou pra trás a bolsa, o cabelo, Jacinta e Lindonéia.

Floriana procurou não lembrar mais das inúmeras vezes em que fora humilhada por não ser arrogante.

Floriana encontrou a paz.

Floriana hoje usa a bolsa que quer, o cabelo que gosta e só mal-trata quem merece.

Floriana Floreou!

Floriana deve isso a Jacinta e Lindonéia.