Site Meter Projeto Modes - Encheu? Joga Fora!: março 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010



Falei sobre você com o espelho, enquanto o lápis deixava um risco preto nos olhos castanhos. Lembrei do sorriso que apareceu igualzinho, como se eu o tivesse visto em exatos cinco minutos. Escutei sua voz no meu ouvido esquerdo e senti o calor da sua mão na minha cintura como se você estivesse ali, naquele instante.

Peguei o rímel quase no fim e aumentei os cílios que já são longos. Por pura vaidade. O cabelo estava de bom humor, as unhas feitas. A ausência do batom continuava, apenas um pouco de gloss que sairia nos próximos dez minutos. Enquanto passava senti seu beijo pelo ar quente que invadiu meus lábios.

Encaixei o pendrive no som para passar o tempo, a primeira faixa da pasta era aquela. O sonho com os olhos abertos era tão real que eu podia ouvir sua voz cantando com empolgação o refrão que tanto se repetia. Eu acompanhando como sempre, eu e você, você e eu e assim sucessivamente.

Por fim, espirrei o perfume de um lado do pescoço. O lado oposto sentiu seu nariz encostando devagar na pele enquanto eu sentia a sua. Quente, sem perfume. Só com o seu cheiro que ainda me pertencia. Terminei. Sentei. Ainda fiquei alguns minutos quieta, pensando em tudo que havia acabado de acontecer comigo. Em sonho.

...

Escutei a porta do carro bater lá embaixo.
Sem nem hesitar, meu rosto se ergueu num sorriso cor de saudade.
E mesmo depois de tanto tempo, eu consegui.




Meu mais perfeito dejavú.




...

terça-feira, 23 de março de 2010

Passarinho verde

Dá raiva quando uma pessoa se sente mais importante do que ela realmente é. Claro, para alguém no mundo ela deve ser a pessoa mais importante.
Só que para mim não.

Não.

E não!



Vá te catar. (por gentileza?)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Castanho médio

Lembro que quando adentrei o quarto do hospital, meus olhos ignoraram todo aquele cenário branco-dolorido, as sondas e soros e fixaram-se no que, pra mim, foi impossível não se hipnotizar: o seu olhar. Era um olhar diferente, penetrante, que me fitava por minutos e que me forçava naturalmente a se mostrar ali presente, naquele momento, mesmo que fosse para segurar sua mão e tentar te distrair com casos rotineiros.

Engraçado que esse olhar andou comigo por muito tempo, em minhas memórias. Uma outra vez na praia, em meio a uma conversa banal - acho até que nem se lembra -, você parou por um instante, se voltou pra mim e arriscou um olhar que me lembrou aquele lá. Foi rápido, mas o suficiente para eu guardá-lo também na minha coleção de olhares.

E daí que anos depois te vi em um bar, daqueles com roda de samba. Nos intervalos dos meus chorinhos preferidos, me permitia escapar para observar você, mesmo que de longe. Através do meu campo de visão, contornei todo o seu rosto, esperei os momentos em que você se virava para falar com alguém só para não perder o momento de flagrar um olhar. Mas não houve nem sinal. Tenho certeza que aquele seu olhar continua ali, pronto para ser exposto em ocasiões escolhidas a dedo. Mas, lamento, eu nunca mais vou encontrá-lo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Contagem

Muita calma nessa hora enquanto tudo parece turvo, embaçado, difícil de enxergar, como uma imagem virtual na conversa entre risadas num domingo que sempre se repete.

Segundas, terças, quartas.

Próximo fim de semana, paciência para a chegada das definições, dos rumos, da falta de preocupações eternas. Rua, cabeça tranquila, cerveja.

Sextas, sábados.

Acordo no domingo morno na esperança de mais uma semana que nasce fria.
Importa-me o querer. Importa-me o amanhã melhor.

Sempre.








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