Site Meter Projeto Modes - Encheu? Joga Fora!: setembro 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Penso, logo desisto.

Olhava para meu esmalte vermelho lascado e não conseguia encontrar a calma para controlar o aperto que estava sentindo. Sabe aquele aperto bom? Estava complicado não demonstrar a euforia que sentia desde que tínhamos nos falado pela última vez. Parecia que vários anos haviam se passado e que esse dia passaria em um segundo. Isso que era foda. Saber que depois de um curto tempo o presente já não existiria mais. É uma puta sacanagem. Mas beleza. A vida é assim e eu ainda respeito ela acima de tudo. Como dizia o velho ditado, é tudo certo por linhas tortas.

Nessa hora já senti que estava viajando demais. Busquei um foco. O rádio. Troquei a música umas trezentas vezes, sou uma chata em relação a isso quando eu quero. Começava uma boa, eu me entusiasmava e de uma hora pra outra me enchia. Você puto e rindo ao mesmo tempo. Resolvi parar. Deixei a seleção do mp3 rolar, tocando toda aquela mistura de gêneros que eu tenho mania de escolher. Fumava um cigarro, cantava um pouco, parava. Chegava mais perto, te dava um beijo. Íamos falando besteiras e cutucando um ao outro durante o percurso. Comecei a me entreter com os momentos rápidos. Senti sua mão na minha.

Depois fugi de novo para muito além e olhei a estrada pensando em como o mundo é louco. Como ele pode ter tantos lados. Lembrei de uma filosofia que tive com um amigo uma vez, onde concluímos que a vida é um passo no espaço. Sabe aquela sensação de que todas as suas escolhas, todos as suas decisões, nem você mesmo sabe onde vão dar? Ela é muito real. Já tinha pensado muito sobre isso, mas só com uma ajuda relaxante consegui fixar. Minhas opiniões deixaram um pouco de serem consistentes nos últimos dias, deixei de ser tão dura. Mas procuro seguir meus princípios, mesmo que apareçam as falhas. Porque afinal, quem é perfeito?

Tomei um gole de água e quis entrar num assunto assim com você, mas desisti na hora. Sei lá, fiquei meio cabreira em debater essas idéias que poderiam se tornar pesadas demais pra carregar. Preferi guardar. Aí já bateu a revolta contida de não te dizer o que penso. Receio, talvez. Por tudo que já aconteceu em relação a nós dois. Tudo bem. Foi aí que você me puxou. É o deitar no peito que eu mais gosto, de fato. Ficamos conversando horas e horas parados ali. Desligamos o som. Entrega.

Gostei de chegar à conclusão que você entendeu sim, tudo o que se passava na minha cabeça, um monte de coisas. Por isso me olhou, me trouxe pra perto e me fez parar de pensar.

Não saímos do lugar e estávamos longe de tudo.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009


A mesa de bar naquela terça pós segunda aula me convenceu a viajar. Mudança de ambiente para um roots, com verde, quartos e copos. Fazenda. Praia. Não importa.

Desde a primeira, naquele segundo ano, o coração se abriu para novas cabeças, novas idéias, novas e intermináveis risadas. Amizades em tons de laranja, exageradas, daquelas que me faziam chorar às gargalhadas. Algumas já vinham de antes, outras chegaram para cravar no peito.

Garotos inteligentes. Óculos, chapéu de palha, cabelo black power, malinha inseparável do Corinthians. São paulinos, palmeirenses e o santista. Babacas brilhantes. Locões do jeito certo. Conversas sempre boas. Garotas da catuaba. Amigas que permanecem. Shows de samba, rock, tributos aos velhos e aos novos, palco da simpatia. Reggae, quanto mais melhor. A busca pelo ponto de equilíbrio com muito mato seco que marcou lugares, brigadeiros, sonhos. A agência de turismo que organizava tudo com duelos. Duelos de grau, de garrafas, moedas contadas, éramos assim. Barracas num lamaçal, latas e muitas coreografias. Bateria, vozes, volume máximo em dias inteiros. Hinos que ainda são nossos. Rua Augusta, do Oiapoque ao Chui. Calor. Beijos. Paixões. Festa. Comemoração da vitória gravada com a fita das reportagens especiais valendo nota. Jogos de ressaca. Torcida feminina lado a lado e a derrota constante nas finais dos campeonatos. Volantes com perigo. Velho barreiro com groselha. Um barco.

Uma puta lembrança boa de um tempo de cervejas às sextas-feiras (às quartas, quintas...), churrascos, piscinas. Filosofias de futebol regadas a cochichos e comentários idiotas, um tanto pornográficos e contagiantes num fundão de classe universitária que era unida.


Dentro permanece. E é assim em cada um, por incrível que pareça.

Chegando ao final ela parece distante, rumos e degraus diferentes. Poucos dias de encontro, quase nulos, ligações esporádicas em um período que isso deveria ser diferente. As mesas ficam vazias. Geladas escassas.



Nem as fotos eu coloquei no lugar. Deixei de lado.
Aguardo as novas. Viajaremos juntos de novo.

“We are gonna rule the world”

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