Site Meter Projeto Modes - Encheu? Joga Fora!: Domingo de Lágrimas.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Domingo de Lágrimas.

E de repente, o tudo virou nada e o nada virou tudo, o verso ficou mudo e a vida sem graça. E ela, sempre tão certa de si, perdeu o rumo, as palavras e pose de durona. Chorou que nem criança no colo do amigo, viu os amores do passado se esvaírem. Era de novo a frustração. Mais um amor que não deu certo, mais uma decepção para a sua coleção. Do amor, que era novo, e que agora também ficava para trás, só sobraram lembranças de momentos que ela quer esquecer, não porque quer, mas porque precisa. Nas últimas semanas escutou de amigos que estava mudada. Para pior?

O mundo rosa onde ela vivia está perdendo as cores. O corretivo já não esconde as olheiras de noites mal dormidas e de domingos de lágrimas. Ela desceu do salto e tirou a máscara. Mas isso, ele não pode ver, não pode saber. Ela não vai deixar. Seu maior medo é que a sua fraqueza esteja escancarada pra ele, pra todos.

E da distância desde a última conversa, a conclusão é uma só. Ela não pode olhar nos olhos dele. Tudo isso é tão sufocante. “Ela era de leão e ele tinha dezesseis”. Inconcebível. Ela não quer vê-lo. De todo o sentimento agora há um misto de arrependimentos e uma metralhadora cheia de mágoas. E uma certeza. A de que ele nunca foi tudo o que ela via nele. Ele já virou a página. E ela ainda lembra das juras que um dia fez deitada no seu peito, que talvez agora embalem o sono de uma outra, que jamais merecerá mais que um cinema com seu melhor namorado.

E tudo parece querer derrubá-la. Vinte minutos de balada e a música tocou, numa versão nova. Uma que ela ainda não tinha escutado. A da saudade. Ela engoliu o choro. Ela está descartando-o do seu folhetim. Ela chegou no seu limite.

3 comentários:

Thais Sena disse...

Se acaso me quiseres...sou dessas mulheres que só dizem sim...
(...)
Mas na manha seguinte não conto até vinte...te afasta de mim...

Pois já não vales nada...és pagina virada...descartada do meu folhetim!

Luciano Costa disse...

muito bonito, fico sem palavras. lanço a de uns amigos:

"O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.


Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor, no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá".


Conselhos do camarada Drummond

Ou o mais pessimista Agenor, o Cartola: "De cada amor tu herdarás só o cinismo". Afinal, "o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos, tão mesquinho".

Anônimo disse...

aquela música tocou. mas ela não era de saudade. essa música sim, foi a prova de que tudo passa, tudo muda. até o ritmo muda.