Apesar de tudo, aquela casa ainda me trazia boas lembranças.
O cheiro, as cores frias, o azulejo da cozinha antiga e os móveis em tom pastel.
Passei por tanto ali, minhas vontades eram diferentes a cada cômodo.
Estrepei-me com tombos nas escadas e corri em busca de um futuro nos jardins em torno dela. Agora compreendo.
Meu mural de fotos permanecia intacto. Fotografias velhas e repletas de verdades, de tudo que se passou com ela, com ele, com você e com a gente. A gente.
Simples assim.
Minha memória ainda é boa.
Voltar traz à tona milhões de questionamentos, de saudade matada até a pressa de libertar tudo aquilo que deixei trancado no baú do quarto com chão de giz.
A fumaça que saia do cigarro e ia embora pela janela confirma o medo constante de ouvir uma música, de comer um chocolate, ou de usar um belo vestido em noite especial. Por ser bom e não ser pra sempre.
"É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama"
Respirei. Senti mais uma vez o ambiente.
Eu vivi tudo aquilo que podia ali, estava tudo guardado em cada parte.
"No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto"
Estiquei a colcha da cama.
Foi o último minuto.
com pitadas de Fernanda Doniani.
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quinta-feira, 20 de agosto de 2009
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5 comentários:
"É a promessa de vida no teu coração..."
Belo texto amore =)
Amo*
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol...
muito bom, Ma!
Por que será que eu me sinto sempre como uma folha de papel amassada quando termino de ler um texto seu?!
Profundo!
"É o mistério profundo, é o queira ou não queira"
Simplesmente demais, amei nega!
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