Se encontram sempre às terças. Toda semana, pontualmente. Caso haja atraso, chega para ele o SMS “entrega será feita após o horário, sr Edson”. Por ele, nem torpedos deveriam existir, mas ela, como boa libriana metódica, precisa explicar exatamente cada mudança de plano. Ou talvez se divirta com pseudônimos.
Assim, naquela terça-feira fria de fim de junho ela encerrava o expediente mais tarde e despachava os emails finais. Um último, breve, ao marido: Amor, não se esqueça que hoje é dia do meu curso, chego depois das 22h.
Vestiu o casaco, cachecol e entrou no carro. Trânsito paulistano, saia até os joelhos, meia fio 40 e scarpin. Cinco cigarros depois ela chega ao restaurante. Ele, inquieto, acena e se aproxima rapidamente. A interrompe com um beijo: “vamos logo?”.
Entram no carro dele.
Ele (camisa e calça jeans) não é uma pessoa de muitas palavras. Não gosta de contar o dia, nem comentar a semana ou opinar política. Ela, que só fala de política, despeja nele toda sua vida e frequentemente um punhado de reclamações. Quase um monólogo. Não por achá-lo o melhor ouvinte, mas por não ter outra opção. Como uma necessidade em desabafar, típica de quem não sabe prender palavras. Mas ele não liga, aliás, nem se importa - já que não absorve nenhuma informação que venha dela. Na verdade a julga muito pouco politizada e ri da maneira como ela repete frases famosas fingindo ser de sua própria conclusão. No entanto, para ele há um golpe fatal: Rosana, 36, é muito atraente. Demais e além do que o seu orgulho gostaria que fosse.
Pois assim, seguem o trajeto daquela terça, que começava a garoar.
Adentram o motel, que é o mesmo desde o primeiro encontro. Um pouco mais caro do que ele pode pagar; um pouco mais barato do que ela gostaria de frequentar.
O tempo sempre passa rápido, afinal, o único sentimento que talvez paire exatamente neles é a emergência. E viver o momento com rapidez e precisão é vê-lo voar. Sabem que precisam daquele instante e aprenderam a se completar, dessa forma.
Típico caso extraconjugal.
Mas eles não têm competência para o adultério, e isso não vai tardar a preocupá-los. Às 23h55, ela volta pra casa. Enquanto sobe as escadas se lembrou da história de uma estagiária e se sentiu bem por ter naquele instante a mesma sensação adolescente que ela. Percebeu, porém, o perfume dele ainda entrelaçado em sua roupa. Sorriu.
Pendurou o casaco.
- Amor, cheguei!
.
Assim, naquela terça-feira fria de fim de junho ela encerrava o expediente mais tarde e despachava os emails finais. Um último, breve, ao marido: Amor, não se esqueça que hoje é dia do meu curso, chego depois das 22h.
Vestiu o casaco, cachecol e entrou no carro. Trânsito paulistano, saia até os joelhos, meia fio 40 e scarpin. Cinco cigarros depois ela chega ao restaurante. Ele, inquieto, acena e se aproxima rapidamente. A interrompe com um beijo: “vamos logo?”.
Entram no carro dele.
Ele (camisa e calça jeans) não é uma pessoa de muitas palavras. Não gosta de contar o dia, nem comentar a semana ou opinar política. Ela, que só fala de política, despeja nele toda sua vida e frequentemente um punhado de reclamações. Quase um monólogo. Não por achá-lo o melhor ouvinte, mas por não ter outra opção. Como uma necessidade em desabafar, típica de quem não sabe prender palavras. Mas ele não liga, aliás, nem se importa - já que não absorve nenhuma informação que venha dela. Na verdade a julga muito pouco politizada e ri da maneira como ela repete frases famosas fingindo ser de sua própria conclusão. No entanto, para ele há um golpe fatal: Rosana, 36, é muito atraente. Demais e além do que o seu orgulho gostaria que fosse.
Pois assim, seguem o trajeto daquela terça, que começava a garoar.
Adentram o motel, que é o mesmo desde o primeiro encontro. Um pouco mais caro do que ele pode pagar; um pouco mais barato do que ela gostaria de frequentar.
O tempo sempre passa rápido, afinal, o único sentimento que talvez paire exatamente neles é a emergência. E viver o momento com rapidez e precisão é vê-lo voar. Sabem que precisam daquele instante e aprenderam a se completar, dessa forma.
Típico caso extraconjugal.
Mas eles não têm competência para o adultério, e isso não vai tardar a preocupá-los. Às 23h55, ela volta pra casa. Enquanto sobe as escadas se lembrou da história de uma estagiária e se sentiu bem por ter naquele instante a mesma sensação adolescente que ela. Percebeu, porém, o perfume dele ainda entrelaçado em sua roupa. Sorriu.
Pendurou o casaco.
- Amor, cheguei!
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Só que nessa terça, Rosana, ninguém respondeu.
13 comentários:
a rosana é mesmo uma mulher que não se conhece profundamente.
aguardo o capítulo 2.
te amo.
ps: mto bom, como sempre!
"Só que nessa terça, Rosana, ninguém respondeu."
Adoro a lei da reciprocidade.
Fedô, simplesmente demais!Anciosa para o próximo.Amo
MARA! ^^
Agora fiquei curiosa...
Bjos
Nossa! Comi o texto com os olhos até o final, adorei, adorei... vcs do blog têm projeto pra publicar esses contos?
Eu adoro vir aqui sempre!
Um beijo
Me
Uau!
Que mão para o romance, hein, nega!!!
Não se pode ter tudo, né?
Manda ver logo no 2.
Te amo, Fedô.
BeijoBeijo.
Adorei fee..
Quero ler logo o proximo capitulooo
amo
É...você me deixou ansioso pelo resto!
=(
Brilhante... sutileza e sentimentalismo sem igual...
Boa, Fê!
beijos
Não falo nada... Só desejo que você continue!
Tenho orgulho de vc!
Amo-te
Sempre mandando bem.
Essa história tem cara das que terminam de repente, como uma porta batendo e fechando tudo que há além dela.
Adorei!
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