** Já que a moda é falar de Dom Casmurro, deixo aqui algumas impressões minhas sobre os seguidores de Bento Santiago.
Quem não assistiu à minissérie Capitu ontem, assista hoje. Está muito bem feita e lindamente adaptada à TV.
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Então ele a imaginava a se pintar. De vermelho nos lábios, de preto nos olhos, um rosado leve nas maçãs do rosto. As maçãs. Aquelas mesmas que ele tantas vezes já beijara carinhosamente.
Ele não podia suportar.
Então ele a imaginava a se vertir. Aquele vestido curto que a deixava com as pernas à mostra. E pensava quantos homens teriam a oportunidade de ver aquelas pernas. O mesmo vestido que a deixava com um dos ombros nu. Apenas um, por onde ele gostava de deslizar seus dedos leves sobre a pele dela.
Ele não podia suportar.
Então ele a imaginava a arrumar os cabelos. Prender, soltar. Aquelas mechas em que ele tantas vezes havia sentdo um perfume que em nenhum outro lugar jamais sentira. E ela agora prendia e soltava para que outro cheirasse.
Ele não podia suportar.
Então ele a imaginava abraçando e beijando outros homens. E pensava em quantos a haviam visto nua. E para quantos teria voltado aquele sorriso pueril e cheio de malícia ao mesmo tempo. Aquele sorriso que chegava a ser felino.
Ele não podia suportar.
Então ele imaginava a si mesmo, um homem capaz de tantas fantasias por não se conformar em ter deixado ir a única mulher que o amara sinceramente. Deixou-a por tão pouco. E não só a ela, mas à sua felicidade. Ele abandou a felicidade. Condenou-se a uma vida mesquinha e pequena.
Ele não podia suportar.
Então ele preferia imaginar que ela era uma qualquer. Desta forma, tudo era mais fácil.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
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5 comentários:
Não gostei nada da adaptação. Bentinho adulto parece um palhaço mambembe, assim como vários outros personagems. O bentinho criança parece o Adamastor Pitaco...
A Capitu, sim, linda e muito bem na interpretação, é o que se salva.
Mas de resto, estão transformando a genialidade de Machado em uma história de circo. O Luiz Fernando Caravalho devia adotar um tom mais ligado ao Lavoura Arcaica, filmaço que ele dirigiu, do que a Hoje é Dia de Maria. Tem mais a ver com a literatura Machadiana, principalmente Dom Casmurro, mais de angústia do que de sátira, como é Brás Cubas, onde talvez coubesse esse tom de farsa.
vi pouco, mas gostei.
não vejo problema em transformar obra machadiana em 'história de circo'(embora não ache que lembra circo).
o interessante é justamente colocar o Bentinho, cheio de angústias, num ambiente teatral.
Pô, eu achei ótimo, Ter! E se tivesse a Mallu na trilha vc ia gostar! hahaha...
Não vejo problemas em misturar circo, música e Machado. Mesmo assim, acho que o diretor não vai atingir o objetivo de fazer com que as pessoas se interessem pela obra depois da minissérie. Eu conversei com gente que mudou de canal por puro preconceito mesmo. Ou pq achou o texto rebuscado demais (o texto ficou BEM FIEL ao livro).
Mas eu sou suspeita, pq adoro esse livro e pq gosto dessas "misturas estranhas".
De qualquer forma, Adamastor Pitaco ou não, o Bentinho é um grande saco de bosta!
É engraçado como essa temática é tão próxima.
Concordo com a Lu.
Mimadinho.
Perdeu a mulher que mais o amou por cagadas próprias. Transformou-a em uma qualquer pra camuflar seus medos... e pra que?
odiei a minisérie. parece um teatro mal feito, barato, quando na verdade machadão é um teatro real, quase não teatro.
mas gostei do texto.
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