Site Meter Projeto Modes - Encheu? Joga Fora!: Dolorido Colorido

domingo, 9 de novembro de 2008

Dolorido Colorido

Ok, esta noite não irei perguntar por que você voltou, por qual motivo -mais uma vez- bate a minha porta com olhos ainda confusos e cheios de um vazio incalculável. A verdade é que nem mesmo você sabe. Se eu perguntasse, mais uma vez, você se sentiria obrigado a responder, e respondendo, como em tantas outras oportunidades, daria uma explicação que nem mesmo você acreditaria.

Não há explicação, compreende? “Eu também não vou perguntar”, pensei ironicamente, depois quinto cigarro.

Aquilo era apenas uma alusão fantástica aos tempos em que só no silêncio construía uma compreensão úmida e intensa. Mas hoje não é. Sei que não, e você também sabe, hoje não atingiremos mais o ponto em que um silêncio basta. Tempo doce em que vinho tinto e respiração ofegante eram suficientes para saciar cada vácuo das perguntas mal formuladas.

Agora, mais do que nunca, será preciso encher o vazio de palavras. Palavras que não te convencerão, não me confortarão e não farão disto algo menos medíocre do que é.

Pergunto, sob efeito da nicotina nos dedos e língua, por qual motivo você se foi, por que, se sabia que a partida culminaria em uma imutável distância, e que nessa distância, a gente, irremediavelmente, perderia ou esqueceria tudo aquilo que construímos juntos.

Você sabe, é na distância que a gente esquece ou se perde. E, como um velho que definha na cama sabendo que está morrendo, a gente esquece sabendo que está esquecendo.

Como diria Caio Fernando de Abreu, “Dolorido, Colorido”.

8 comentários:

Luciano Costa disse...

legal você postando paula, manda bem demais.

caio fernando abreu...representa.

Fernanda Doniani disse...

"Você sabe, é na distância que a gente esquece ou se perde".

Marianna Palma disse...

MANDOU BEM BEM!!!

Anônimo disse...

"a gente esquece sabendo que está esquecendo"

Fantástico. A verdade é que a gente sempre esquece, passa voa. Funciona assim.

Sumaya Lobo disse...

"Agora, mais do que nunca, será preciso encher o vazio de palavras."

A gente sabe quando realmente esta confortável ao lado de alguém, quando não é preciso dizer nada para entender...para conversar, para sintonizar.
Quando o silencio e o olhar são capazes de transmitir as idéias sem existir a necessidade das palavras.
Eu ainda prefiro os contos de fadas com final feliz, por mais ilusório que seja...mas belo texto! Posso imaginar a cena perfeitamente...a fumaça do quinto cigarro, o silencio...e a cara de desconforto dos seus personagens. Parabéns!!!

Luiza Silvestrini disse...

Se as personagens da senhorita continuarem a fumar desse jeito, vão morrer todas! Hahaha... E se não for de câncer no pulmão, vai ser de cirrose, pq bebem bem, heim?! hahaha... Também preciso voltar a escrever...

Marina Cabral disse...

pauletes, vc manda mto bem, como sempre.

ah...

esquecer, esquecendo, esqueci.

bjotchau.

Anônimo disse...

Denso.
Intenso.
dolorido.
colorido.