Acordou às sete. Droga. O celular (ou a sua própria falta de senso) vacilou por meia hora. A noite anterior havia sido regada de exageros. Um tanto a mais que o limite. Sentiu sua cabeça explodir entre conversas que não lembrava, beijos embaçados e risadas irreconhecíveis. Enquanto tomava um banho de gato e corria para não se atrasar, aos poucos, foi lembrando devagar de uma segunda-feira fora da rotina. Lembrou da primeira cerveja, do rapaz no balcão lhe entregando o troco do cigarro e de alguém dirigindo seu carro enquanto dormia no banco ao lado. Típico dia de irresponsabilidade permitida.
- Quer trocar a música? Pode mudar!
Chovia. Não conseguia se acostumar com guarda-chuvas. O tênis já ensopado deixava seus pés gelados. Dia comum, daqueles que começam chatos e terminam bons por própria escolha. Seguiu fazendo os deveres em mais um período de trabalho, com sono. Durante uma hora, se perdeu em textos de endereços virtuais. Muitas coisas na cabeça.
- Nossa, essa música lembra demais. Como pode né, depois de tudo?
- É foda. É foda olhar quem te quer bem e querer enxergar através, quem realmente se quer.
Entrou no carro, precisava daquele momento, mudar a trajetória. Contou sobre dias perfeitos, relacionados à própria água que caia do lado de fora. Banhos de chuvas torrenciais em meio a um dilúvio interno que apesar de característicos de tempo ruim, são ótimos para boas resoluções. Pingos fortes, visão tranqüila, cabeça tentando entender. Recebeu em troca confirmações do que realmente vale a pena. Sabe? Como um impulso com claridade.
- Quando as coisas parecem fugir do controle, mesmo sendo boas, é hora de parar.
- Parar?
- Não parar o que se vive e o que se sente, mas desacelerar e analisar os rumos e as proporções de cada escolha, cada palavra...
- Hummm...
(...)
- E se isso não servir de nada? E se a solução for só parar de pensar?
- Parar de pensar, ou parar de se prender nesses pensamentos?
- Se for pra deixar de pensar, acho que prefiro ser uma prisioneira livre...
A ressaca física e mental foi embora ali.
Ela só precisou de um papo para aguçar o seu sentido...
- ... e continuar sentindo.
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009
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terça-feira, 13 de outubro de 2009
O luar que fez a sintonia da noite.
...
As coisas mais simples são as mais bonitas, sempre.
A cor da pedra não era uniforme. Ela havia sofrido um desgaste natural devido às ondas que vinham ao seu encontro todos os dias, todos os segundos. Imaginar como ela estará daqui a alguns anos é não imaginar, porque é algo que nunca saberei.
A maresia e o vento de um litoral sem defeitos enganava o sol que insistia em bater na minha pele, quente, fria. Enquanto me perdia olhando o horizonte, ele machucava e deixava sua marca, sem a minha percepção. Outro vestígio de que é tudo desse jeito.
Estava ali, em boa companhia, num deck de madeira, pitoresco, cheio de vozes, alegre. O som da banda entrava em mim de maneira muito mais intensa. Cantar as canções exatas de olhos fechados é o que trazia quem faltava ali. Alguém que estava sempre junto, um amor ou um abraço pela contramão. Meu vestido se mexia conforme a música, o céu cheio de estrelas, o mar chegando perto. E a lua, como num feitiço, apareceu amarela minguante. E me ensinou o que eu tentava entender há tempos. Aplausos para ela. Ninguém sabe o que pode acontecer.
Lembrei que me peguei pensando em você nos últimos dias, o mar contava histórias e me ajudou a escrever a minha. Pelo menos um primeiro parágrafo.
...
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Marina
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Letra e Melodia
Ela compõe exatamente o que ele vai tocar. Ele toca sabendo como ela vai interpretar. Um entendimento baseado nas sensações das notas musicais e das palavras. Baseado nele e nela. Só. Mais ninguém.
O som rápido do coração dela se mistura com o som calmo do pensamento dele, com um timbre vigoroso e pesado, minucioso e leve. Diferente. Com alterações. Mas sempre combinando a letra e a melodia.
Ela tem sonhos. Ele não pensa no futuro;
Ela gosta de verde. Ele de azul;
Ela torce para o palmeiras. Ele é corinthiano;
Ela é vegetariana. Ele adora carne;
Ela curte samba. Ele é mais do rock;
Ela estuda medicina. Ele é filósofo;
Ela gosta de sol. Ele procura lugares mais frios;
Ela é sempre tagarela. Ele é monossilábico;
Ela é nota 10 em matemática. Ele só gosta de português;
Ela mora no Brooklin. Ele na Zona Leste;
É assim que eles escrevem a canção. Com muitas diferenças, mas com a mesma sintonia e o mesmo desejo. Só os dois sabem como. Só eles entendem. São diferentes, mas se completam. A melodia é sempre nova e a letra nunca escrita. Uma sem a outra não completa a música. Não existe canção sem ele e ela.
Ela é a letra e ele a melodia.
O som rápido do coração dela se mistura com o som calmo do pensamento dele, com um timbre vigoroso e pesado, minucioso e leve. Diferente. Com alterações. Mas sempre combinando a letra e a melodia.
Ela tem sonhos. Ele não pensa no futuro;
Ela gosta de verde. Ele de azul;
Ela torce para o palmeiras. Ele é corinthiano;
Ela é vegetariana. Ele adora carne;
Ela curte samba. Ele é mais do rock;
Ela estuda medicina. Ele é filósofo;
Ela gosta de sol. Ele procura lugares mais frios;
Ela é sempre tagarela. Ele é monossilábico;
Ela é nota 10 em matemática. Ele só gosta de português;
Ela mora no Brooklin. Ele na Zona Leste;
É assim que eles escrevem a canção. Com muitas diferenças, mas com a mesma sintonia e o mesmo desejo. Só os dois sabem como. Só eles entendem. São diferentes, mas se completam. A melodia é sempre nova e a letra nunca escrita. Uma sem a outra não completa a música. Não existe canção sem ele e ela.
Ela é a letra e ele a melodia.
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